O topônimo Alfenas surgiu em referência
a uma família pioneira do lugar. Conforme Adilson
de Carvalho, os membros da família Martins
Alfena foram os primeiros moradores do local onde
surgiu a cidade de Alfenas, território então
pertencente à Freguesia de Cabo Verde, em cujos
livros da Matriz foram lançados, até
fevereiro de 1801, todos os registros de batizados,
casamentos e óbitos da região que constituiria
depois a cidade de Alfenas.
Os irmãos: José, Francisco, Joaquim,
João e Antônio Martins Alfena, juntamente
com o primo Francisco Martins Barbosa, foram os pioneiros
do lugar. Em 8 de outubro de 1784, o Alferes José
Martins Borralho obteve sesmaria, ao pé da
Serra da Esperança, entre o Ribeirões
Sapé e Águas Verdes. Em 1787, esta família
já estava instalada na região, quando,
na Matriz de Cabo Verde, foi batizado Manuel, filho
de Francisco Martins Barbosa e Ana Gertrudes de Oliveira.
Em 1791, o Alferes José Martins Alfena e Bento
Siqueira Leme fundaram a Fazenda Boa Vista e, neste
mesmo ano, estavam batizando seus escravos na Capela
das Candongas, em Três Pontas, onde os moradores
do Bairro do Sapucaí também freqüentavam.
Em 1794, já estabelecido na Fazenda Boa Vista,
o Alferes José Martins Alfena levou ao batismo
sua filha Teresa, sendo padrinho o Alferes Domingos
Vieira e Silva, que naquele ano havia se mudado para
a região do Bairro do Sapucaí e se estabelecido
no vale do Muzambinho, pois em 1792 ainda consta como
morador em Lavras, tendo, assim, chegado à
região depois dos Martins Alfena. É
de se supor que o primeiro contato dos Martins Alfena
com Domingos Vieira e Silva tenha se dado em Aiuruoca,
onde, residia sua primeira mulher Ana Vilela de Assunção
e os pais desta. Provavelmente, foram os Martins Alfenas
que estimularam Domingos a se mudar para a região
do Sapucaí.
Juntamente com os Martins Alfenas, foi fundamental
a participação de Domingos Vieira e
Silva na construção do arraial e da
capela. O mesmo autor refere que, em 1799, fora erigida
uma pequena ermida, dedicada a Nossa Senhora das Dores,
a qual foi demolida para dar lugar a uma Capela concluída
em 1801, e que passou a ser denominada Capela de São
José e Nossa Senhora das Dores, do que se conclui
a participação de José Martins
Alfena e sua família, devotos de São
José, na reconstrução do templo.
Alguns pesquisadores julgam ter sido uma única
construção. Em pouco tempo a capela
já era conhecida por São José
e Dores dos Alfenas.
Aspásia Vianna Manso Vieira Ayer afirmou em
seus artigos sobre a história de Alfenas que
no ano de 1799 foi construída a primeira capela,
por portugueses imigrantes. De acordo com sua versão,
a capela, construída em homenagem a "Nossa
Senhora das Dores e São José",
constituía o marco de uma sesmaria doada a
Domingos Vieira e Silva pela Rainha de Portugal, D.
Maria I, que foi chamada, pelo sesmeiro, de "Pedra
Branca". José Nicodemos de Figueiredo,
genealogista e historiador de Boa Esperança,
Minas Gerais, provou que a sesmaria da Pedra Branca,
recebida por Domingos Vieira e Silva localizava-se
no atual município de Campos Gerais, estendendo-se
até a divisa de Três Pontas, e nunca
esteve no território de Alfenas. Somente nas
obras de Aspásia é que se encontra a
designação São José e
Dores da Pedra Branca.
Sobre a obra de Aspásia, historiadores e pesquisadores
da Prefeitura de Alfenas afirmaram que "ao ler
seu livro, ficaram-nos algumas interrogações,
suas indicações bibliográficas
não são precisas: muitas delas não
nos permitem precisar as fontes em que se baseou e
nem mesmo sua localização".
Contudo, o único documento existente de doação
de patrimônio data de 22 de julho de 1805 e
refere-se a Francisco Siqueira Ramos e sua mulher
Floriana Ferreira de Araújo como doadores de
um terreno em considerável extensão
confrontando com os Martins Alfena. A Capela permaneceu
como filial da Matriz de Cabo Verde até 14
de julho de 1832, quando a Regência Trina Permanente
criou a Freguesia de São José dos Alfenas.
Em 7 de outubro de 1860, a Freguesia foi elevada a
categoria de vila, como nome de Vila Formosa de Alfenas.
A 15 de outubro de 1860, a vila passou à categoria
de cidade,com o nome de Formosa de Alfenas, depois,
a 23 de setembro de 1871, simplificado para Alfenas,
para não confundir com outra de mesma denominação,
em Goiás. Assim vemos que, desde o início,
o nome da família Martins Alfena está
ligado à fundação e à
evolução do local.
Em relação à Família
Martins Alfena que é a mesma Família
Martins Borralho, da Freguesia de São Vicente
da Alfena, Portugal, cujo antepassado mais antigo
deste ramo, até agora estudado, foi Isabel
Martins Borralho que, em 12 de novembro de 1694, casou-se
com Manuel Antônio, na mesma freguesia, segundo
pesquisa de Celso do Lago Paiva. Dois filhos deste
casal, José e Francisco, passaram para o Brasil,
estabelecendo-se nas Minas Gerais do século
XVIII. Seguindo o costume português, acrescentaram
o toponímico de seu local de origem ao apelido
(sobrenome) de família.
Segundo Marta Amato, a família Martins Alfena,
em Minas Gerais, começa em Aiuruoca com estes
dois irmãos, José Martins Borralho e
Francisco Martins Borralho, naturais da freguesia
de São Vicente da Alfena, Concelho de Valongo,
Distrito, Comarca e Diocese do Porto, na província
de Douro Litoral, Portugal. No século XIX,
este nome se estendeu à cidade de Alfenas.
Quanto ao sobrenome Alfena, Marcos Rodrigues Chaves
afirma que em Genealogia, chamamos os nomes de família
de Apelido. Aliás, ao contrário do Brasil,
onde generalizou-se chamar de apelido aos cognomes
e alcunhas, em Portugal esta a é denominação
corrente dos sobrenomes. Era costume generalizado
dos portugueses que emigravam acrescentar o nome de
seu local de origem ao apelido (sobrenome) de família.
Exemplo muito conhecido é o de João
Francisco Junqueira, patriarca daquela nobre linhagem,
que nasceu em 1727, na aldeia de São Simão
da Junqueira, termo de Barcelos, no Arcebispado de
Braga.
Assim também procederam os membros da família
Martins Borralho, da Freguesia de São Vicente
de Alfena, cujos descendentes tomaram o apelido Martins
Alfena como seu nome de família. Tal origem
do sobrenome Alfena sempre foi conhecida pelos descendentes
desta família, portanto não procedem
as informações de Alexandre da Silva
Mariano, em discurso de 14 de junho de 1932; de Romeu
Vieira e Nelson Ferreira Lopes, dizendo: ....arbusto
da família das oleínas, abundante no
lugar onde residiam os Martins, dando a entender
que os Martins acrescentaram o nome Alfena ao seu
apelido por causa da existência de alfeneiros
em sua propriedade. Além do que, o celebrado
agrônomo Celso do Lago Paiva afirmou em suas
pesquisas que no Brasil nunca foram encontrados Alfeneiros
verdadeiros.